Ser caos e fazer romance!

Era madrugada

Eu fiz poesia em meio ao caos
Eu fiz da dor a arte da força
Eu fiz da sensibilidade o instrumento de r[ex]istência
Eu fiz de mim mesmo uma colcha de retalhos
Eu fiz do clichê um roteiro imprevisível

Fiz!

De romance me fizeram
Do romance eu fui feito
O romance foi meu barro que molda
Ou seria o sopro santo que dá fôlego e traz vida?
Há romance em mim!

Fiz do romance uma crônica
Da crônica fiz um conto
No conto, fiz fadas
No conto, fizeram bruxas
Pras bruxas fizeram fogueira
Na fogueira fizeram sacrifício de sangue
Mesmo com o véu rasgado
Mesmo sabendo que todo sacrifício necessário já foi feito
Disseram que minhas fadas são bruxas
Queimaram as bruxas, que eram fadas
Queimaram fadas que eram do conto
Queimaram o conto que era crônica
Queimaram a crônica que é romance
Me queimaram na fogueira
Me queimam todos os dias
Isso tudo porque fiz um romance
Do romance que me fez

Fui feito!

Do que fiz
Sei que quis
Do que fui feito
Me aceito
Do que faço
Me enlaço
Do que deixo de fazer
Tento até agora entender

Eu fiz da fé um lugar de humanização
A fé fez em mim um homem eterno cheio de finitudes
Eu fiz da graça um oceano que me afoga em calmarias
A graça me fez náufrago rendido e submerso por completo
Eu fiz do Cristo minha âncora em tormentos de mares bravios
O Cristo fez de mim alguém que anda sobre as águas
Eu fiz do Pai uma maresia de rendição imersa e batismo
O Pai fez de mim um filho amado em quem ele se alegra
Eu fiz do Espírito o vento que guia minha navegação
O Espírito fez de mim fonte inesgotável onde fluem rios de águas vivas

Eu fiz poesia em meio ao caos
O caos de mim poeta
A poesia faz meu caos me fazer

Se tá difícil? Tá sim! Muito!
Mas vai ficar tudo bem!
Ou não também... Não precisa ficar tudo bem, né?!
O que importa é que
Do jeito que ficar
Eu vou ficar!
Vou permane(SER)!

Comentários

Postagens mais visitadas