Segue, espera... esperança

02:20 da madrugada. Dia 20 de Abril de 2018… A água quente do chuveiro aquece meu corpo no frio que faz aqui em casa. Esse outono sugere que o inverno vai ser difícil em termos de temperatura! Sempre gostei de frio, mas de uns tempos pra cá ando gelado dentro e fora e isso me incomoda muito! Mesmo com roupas e agasalhos meu corpo fica trêmulo em calafrios gélidos. Mesmo com atividades e conquistas na minha vida em diversos sentidos, meu coração segue resfriado e abatido pela falta de calor que a ausência dele deixa em mim.

A vida tem seguido, acho importante deixar isso claro! Em tempo oportuno, espero que ainda essa semana, eu consiga falar sobre a dor como um lugar possível, mas não estático! A dinâmica do lugar da dor em nossas vidas é algo que mostra muito sobre nosso processo de amadurecimento e vale lembrar que não existe obrigatoriedade alguma de ligar maturidade com a quantidade de velas assopradas no aniversário, inclusive é importante estabelecermos que muitas vezes esse “descompasso” existe pra mostrar que não tem métrica mesmo, cada sujeito tem seu tempo!

Dizem que só um novo amor pode curar o outro amor, mas eu confesso que não sei se concordo. Me vi curado do outro amor antes de encontrar o que me fere agora. O tempo, aliado com a terapia, bons encontros e conversas, boas leituras e contemplações, me ajudaram a perceber que construir vilão e mocinho na história foi um acidente e que hoje eu vivo o rompimento de vários vínculos que outrora eram importantes porque administrar tudo foi difícil demais pra mim! Embora eu seja compassivo comigo mesmo e não cobre de mim muita sanidade ou capacidade elaborativa de mim enquanto estava em estágios profundos de minha doença, ainda lido com a ideia de que “se eu não tivesse” as coisas poderia ser diferentes. De todo jeito, o que temos hoje é um Bob que se fragmentou na espera de uma vida que estava ali com ele o tempo todo.

Ele disse que voltaria
Disse que era só um tempo
É frio de outono
Esperei receber sua mensagem
Hoje era a data do reencontro
Me encontro só tentando me aquecer no sereno da noite

Prometemos nos rever e tentar reatar os vínculos
Afirmamos nosso amor e como éramos especiais um para o outro
Você ainda é especial pra mim
Esperei que fosse verdade
Fiquei confiante com tudo o que poderia acontecer
Tentei seguir a vida até que nos encontrássemos novamente
Você ainda é alguém que quero encontrar

Esperei receber sua mensagem
Esperei que fosse verdade

Enquanto te esperei deixei a vida acontecer
Enquanto te esperei conheci outras pessoas
Enquanto te esperei me estruturei profissionalmente
Enquanto te esperei cuidei de mim

Enquanto te esperei segui

Segui buscando me encontrar
Segui encontrando a vida
Segui vivendo a realidade
Segui realizando sonhos
Segui sonhando com novidades

Enquanto segui te esperei

Esperei seguindo
Segui esperando

Esperei chegar o dia em que deixaria de te esperar
Sigo esperando você voltar
Sigo esperando deixar de esperar tua volta
Sigo enquanto espero

Sigo esperando
Sigo esperança

A esperança contraditória e paradoxal em mim
Esperança de te reencontrar e olhar nos seus olhos pra dizer que te amo e senti sua falta
Esperança de um dia não ser mais ferido pela frustração da esperança na tua espera
Esperança em você
Esperança em nós
Esperança em mim

Esperançosa espera

Você não voltou
Você não me procurou
Eu segui esperando
Eu segui enquanto esperava

Hoje sigo vivendo
Cheio de esperas
Transbordante de esperanças
As mais contraditórias e belas

E já que o tema é esse
Pra tentar ter mais esperança
Reafirmo constantemente pra mim mesmo
O verso do poeta corajoso que disse:

Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
ESPERA QUE O SOL JÁ VEM!

Eu escrevi essa poesia enquanto esperava ele mandar mensagem. A poesia foi terminada e a mensagem não chegou! Meu coração acelera disparado ao saber que ele pode estar pensando em mim. Ou apenas me esquecido mesmo! A ideia da solidão ainda é algo que me assusta muito! As crises psicóticas me fazem lembrar que, se sozinho, meu destino vai ser uma casa de repouso, uma residência terapêutica ou qualquer coisa do tipo… Eu só queria poder ter alguém que cuidasse de mim, me envolvesse e me acolhesse e embora seja claro o cuidado e afeto dispensando por parte da minha mãe e do meu pai, quando falo de cuidado aqui, falo daquele afago e abraço que só um companheiro pode oferecer.


Bom, então é isso. Bora seguir e deixar seguir a vida, porque ela segue!


Comentários

Postagens mais visitadas