Meu primeiro Setembro Amarelo
Oi, eu sou o Bob e tentei suicídio duas vezes. A última foi em fevereiro desse ano. Eu tinha planejado tudo. Fiz cartas de despedida, gravei um vídeo explicativo, arrumei minhas coisas. Vesti uma roupa confortável e segui rumo ao meu objetivo. No momento do ato fui surpreendido por dois rapazes que de súbito me puxaram e não permitiram que eu finalizasse o plano. Quando cai de costas pro chão, arremessado pelos dois rapazes, entrei numa crise intensa de choro e desespero. Eu não conseguia dar conta dos meus sentimentos, minha angústia não cabiam em mim.
Grande parte dos meus amigos havia se afastado de mim, por diversas razões. Fiquei sem falar sobre isso com ninguém por um bom tempo, até que consegui me abrir com uma amiga e elaborar na terapia sobre suicídio. Mesmo assim, falar sobre isso era - de alguma forma muito estranha - constrangedor e vergonhoso. Eu queria muito falar, mas pra quem?? Como???
Hoje eu to aqui pra falar pra você que setembro amarelo é mais presente na sua vida do que você imagina. Quem diria que aquele Bob feliz e intenso chegaria a um ponto desse? Pois é, acontece onde talvez você menos espere! Falar de saúde emocional é falar de sentimentos legítimos vividos por pessoas legítimas. Não, não é frescura, não é drama, não é exagero, não é vitimismo, não é auto-comiseração. É dor sentida, é angústia reprimida, é desespero calado, é sofrimento enclausurado! É preciso dar voz, é preciso acolher, é preciso ter empatia. Sofrimento não se mede com régua por isso não nos cabe mensurar a dor do outro. A dor vai ter o tamanho que tiver que ter e vai durar o tempo que tiver que durar.
Acompanhamento profissional é parte importante no processo. Psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e mais uma gama de profissionais que podem ajudar estão disponíveis. Reconhecer que precisamos de ajuda não é demérito nenhum, muito pelo contrário, tem que ter muita coragem pra olhar pra si e reconhecer que precisa de ajuda.
Hoje eu estou melhor, sigo com meu tratamento e meu acompanhamento. Tem sido mais desafiador do que eu imaginava, mas tenho dado alguns passos que, embora pequenos, são muito significativos. Podemos celebrar isso!
Não deixe que as pessoas ao seu lado sofram caladas as suas dores. Não precisa resolver, não precisa responder, não precisa fazer acontecer. Só precisa estar ali, dando a certeza de que, por mais doloroso que seja o sofrimento, não se sofre sozinho e não se sofre pra sempre.
Aos abatidos nesse campo de batalhas que é a vida e que, feridos e desgastados, empenham todo o seu vigor para continuar de pé. Dessa vez é verdade, o poeta fala da vida real. No meio da dor ele promete em versos que TODA DOR É POR ENQUANTO!!!! Vai demorar, vai incomodar, mas vai passar! Foi dito que toda lágrima será enxugada um dia. Que, na pior das hipóteses, seja uma utopia no horizonte que nos mantém caminhando.
#SetembroAmarelo
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